"Em apenas 24 horas, as pessoas começaram a matar, a assaltar lojas e a fazer arrastões", é assim que David Gravato descreve o início de uma das semanas mais violentas da história da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo, no Brasil.

Já morreram mais de 70 pessoas desde sexta-feira, quando os familiares da polícia militar de Vitória iniciaram um protesto, impedindo os polícias de saírem das esquadras, contra a falta de investimento em segurança. "Logo na sexta-feira houve alguns focos de confusão, mas foi no sábado que se instalou o caos", conta, ao JN, Davide Gravato, analista de redes sociais, que vive no Brasil, desde 2015.

GREVE DE POLÍCIAS LEVA A ONDA DE VIOLÊNCIA E SAQUES NO BRASIL

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Por se tratar de uma profissão de serviço público, os polícias militares não podem fazer greve e têm sido os familiares a liderarem os protestos. O presidente do Sindicato de Polícias Civis estadual, Jorge Emiliano, disse, à agência EFE, que a cidade estava mergulhada "num verdadeiro terror", no que diz respeito à segurança. Nas ruas, para além das mortes, há roubos e espancamentos diários.

Sem policiamento, são vários os relatos de pessoas que vão fazendo justiça com as próprias mãos, depois de apanharem os ladrões.

É neste clima de violência e medo que muitos habitantes se escondem em casa. Apesar de viver numa das zonas mais sossegadas daquela cidade, Davide não sai de casa desde sexta-feira, nem para comprar comida. "Os supermercados encerraram, está tudo fechado. Mesmo que saísse à rua para ir às compras, regressava de mãos vazias, porque não há nada aberto", explica.

APÓS TRÊS DIAS COM POLÍCIAS EM GREVE CIDADE CONTA 62 MORTES E CHAMA EXÉRCITO

"As pessoas estão com medo. Eu vivo no bairro mais seguro da cidade, mas a apenas 10 minutos de minha casa, dois jovens foram assassinados. Tudo indica que aconteceu durante um assalto", refere.

Chegada do exército aplaudida por populares

Sem polícia nas ruas, foram enviados para Vitória mais de 200 soldados do exército, que começaram a atuar logo na segunda-feira.

A chegada dos militares foi celebrada pelas pessoas, nas janelas de casa, com palmas e gritos de coragem.


"Nós iniciamos, na segunda-feira, com um efetivo disponível de 250 homens e com os reforços que chegaram na terça-feira das tropas do Rio de Janeiro do Exército e da Marinha do Brasil. Temos em torno de mil homens nesse trabalho que será complementado pelo pessoal da Força Aérea que deverá chegar esta quarta-feira", disse, ao Folha de Vitória, Mauro Sinott Lopes, comandante da Primeira Divisão do Exército.

"A chegada do exército melhorou um pouco as regiões mais estratégicas de Vitória, mas a violência engloba muitas outras áreas, que eles não conseguem controlar. As pessoas pensavam que iam resolver o problema, mas são poucos", refere Davide. "Não acredito que as coisas normalizem antes do próximo fim de semana. Hoje tentei encomendar comida por telefone, mas ninguém atende. Os comerciantes continuam cheios de medo", explica.

Também a circulação nos transportes públicos continua limitada e na manhã desta quarta-feira não havia autocarros na rua. O Sindicato dos Transportes Rodoviários alertou de que não existe nenhuma data prevista para os motoristas regressaram ao trabalho, devido ao receio de assaltos e de outros crimes mais violentos.

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Revista 11

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