A situação na CASA-CE é de grande expectativa quanto à sua estabilidade ou derrocada. No seu seio reina um mutismo compreensível, mas fontes deste jornal confidenciaram que a ordem na lista dos deputados é vista como um assunto sensível que pode viabilizar ou não a integridade da coligação.
A ordem de precedência dos vice-presidentes dos partidos políticos na lista de deputados à próxima Assembleia Nacional a remeter ao Tribunal Constitucional tem estado no cerne de alguma celeuma no seio da coligação CASA-CE, que pode mesmo comprometer a estabilidade deste “edifício político”, apurou OPAÍS de uma fonte bem colocada nesta agremiação política. Segundo a fonte, há quem tenha sugerido que se fizesse um processo de escolha aleatória para determinar a posição na lista dos vice-presidentes dos partidos políticos, vindo a seguir os secretários-gerais, a escolher seguindo o mesmo critério e por aí adiante. A recusa em adoptar este princípio, segundo confidenciou a fonte, pode mesmo levar ao desmoronamento da CASA-CE, comprometendo a sua participação nas próximas eleições gerais a terem lugar em Agosto deste ano.
A fonte alvitra mesmo que só num quadro como o actual (coligação) e observado o princípio da escolha aleatória dos futuros deputados pela importância e influência que detêm nos respectivos partidos políticos, poderá viabilizar a sua participação nas próximas eleições gerais. Depois que o Tribunal Constitucional descartou a possibilidade de legalizar a conversão da coligação em partido político, por alegada falta de “vontade política” de algumas formações subscritoras da coligação, a situação na CASA-CE tem estado a despertar o interesse da media e não só, que gostava de saber das causas que estão na origem da “instabilidade” actual.
Para já, como foi reconhecido pelo próprio Tribunal Constitucional, três partidos políticos dos quatro que compõem a CASA-CE recusam a extinção com a finalidade de se diluírem numa única formação política e remeteram cartas ao tribunal a expressar a vontade de se manterem como partidos políticos, depois de o expediente a solicitar a conversão da CASA-CE em partido político ter dado entrada naquela instância judicial e estar a ser já analisado. Neste momento parece haver um “black out” na direcção da CASA-CE que não se quer pronunciar sobre esta delicada matéria, remetendo tudo para depois da chegada do seu presidente que se encontra nos Estados Unidos da América com quem deverão analisar as implicações e os cenários. Todos os políticos do topo da liderança recusam-se a comentar o caso, alegando estarem a aguardar pela chegada do presidente Abel Chivukuvuku Contactado pelo correspondente deste jornal em Washington, onde Abel Chivukuvuku se encontra, este recusou-se a tecer qualquer comentário sobre a situação na sua coligação antes da sua chegada a Luanda, mas se terá manifestado surpreendido com a remissão das cartas ao Tribunal Constitucional por parte de três dos quatro partidos que integram a coligação que lidera, o que pode sugerir estar- se em presença de uma suposta “traição”.
Na verdade, Alexandre Sebastião André, um dos presidentes que remeteu uma das cartas ao Tribunal Constitucional a impedir a transformação da CASA-CE em partido político, sempre remou contra esta corrente de forma aberta. A coligação formada no dealbar do processo eleitoral de 2012 é composta por quatro formações políticas, nomeadamente PALMA, liderado por Manuel Fernandes; o PADDA-AP presidido por Alexandre Sebastião André; PNSA cujo presidente é Sikonda Lulendo Alexandre e PPA dirigido por Felé António. Além destes partidos políticos, integraram a coligação figuras de proa da política nacional como Lindo Bernardo Tito que fez todo o seu percurso político no PRS, de cuja bancada chegou a ser líder por muito tempo, e ainda o almirante André Mendes de Carvalho, que pediu a sua reforma das Forças Armadas Angolanas.
O seu presidente, Abel Chivukuvuku, um político com notoriedade, abandonou a UNITA onde fez percurso político reconhecível e com ele partiram pessoas afectas que ajudaram a engrossar as fileiras da CASA-CE. Com um desempenho surpreendente, a coligação fez eleger oito deputados nesse pleito e guindou- se como a terceira força política do xadrez político nacional, ofuscando mesmo partidos políticos com mais caminhada e história como a FNLA e o PRS, mas cedo as dissensões internas se foram evidenciando. O último sinal da vigência de mau ambiente na CASA-CE foi a renúncia do jornalista William Tonet ao cargo de vice-presidente da coligação.
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