O movimento que elegeu Emmanuel Macron prepara-se para potencial vitória nas legislativas . A lista de mais de 500 candidatos conta com o nome de pessoas ligadas a Portugal
A lista do movimento La République en Marche! (República em Marcha) de Emmanuel Macron às eleições legislativas conta com 525 candidatos. As mulheres são mais numerosas do que os homens, menos de metade fez estudos universitários e a maioria nunca exerceu nenhum cargo político.
Entre eles, há candidatos portugueses e lusodescendentes que se juntaram ao movimento pela "falta de alternativas" na vida política francesa e pela "inteligência" do novo presidente da República. O movimento pode vir a eleger 400 deputados e esmagar o sistema político francês.
Dos 577 lugares possíveis na Assembleia Nacional francesa, que vão ser disputados a duas voltas neste domingo e no próximo, o La République en Marche!, segundo uma sondagem OpinionWay-ORPI para o jornal Les Echos, pode ganhar 400 assentos. Isso significaria uma larga maioria para Macron desenvolver o seu projeto político, nomeadamente os assuntos mais urgentes, como a reforma do código do trabalho e a lei da moralização da vida política. Mas também pode vir a significar muitos rostos novos no tradicional Parlamento francês.
Um desses rostos pode ser Ludovic Mendes. Aos 30 anos, o gestor comercial lusodescendente é o candidato da segunda circunscrição de Moselle, na região da Lorena. Com Macron desde o início, Ludovic foi o responsável dos jovens de Moselle durante a campanha e é o coordenador de campanha nesta mesma região.
Antes de se juntar ao movimento En Marche!, o jovem foi militante do PS francês e também do PS português, até se ter desiludido com estes partidos. "O discurso não correspondia ao que eu vivia e precisava de experimentar outras coisas. Vi o reflexo de tudo aquilo que eu penso ser necessário para a vida política em Emmanuel Macron. Para mim foi uma escolha natural", disse ao DN.
Para Paulo da Silva Moreira, médico e presidente da Câmara de Treigny-Perreuse, na Borgonha, a desilusão veio com a liderança de Benoît Hamon nas primárias. Eleito como independente para a administração local, o português já contava com o apoio do PS para a candidatura a deputado, mas as novas ideias socialistas fizeram que fosse impossível continuar a aceitar esse apoio. "Durante as primárias eu não estava disposto a defender as posições de Hamon, mas o meu mandatário de campanha continua a ser o primeiro secretário do PS do departamento", disse o médico nascido em Portugal, mas residente em França desde os 5 anos, que é candidato pelo La République en Marche! na 1.ª circunscrição de Yvonne.
Tem pela frente dez candidatos, entre eles Guillaume Larrivé, antigo porta-voz dos Republicanos e um sarkozista feroz. "Está a ser uma campanha diferente, ele é bastante agressivo, com muitos comentários negativos. Mas os eleitores estão cansados desse diálogo, querem ouvir falar de coisas positivas e projetos de futuro", considerou Silva Moreira.
A conversa diferente e sem "o blá-blá-blá dos políticos" atraiu Laetitia Romeiro Dias desde o primeiro dia ao En Marche!. Apesar do nome português, Laetitia é francesa casada com um lusodescendente. Mãe de dois filhos e diretora dos serviços jurídicos numa federação de sindicatos de engenharia, a agora candidata pela 3.ª circunscrição de Essone, nos arredores de Paris, nunca militou em nenhum partido nem exerceu nenhum cargo político.
"Num primeiro momento, aderi ao En Marche! por causa da figura de Emmanuel Macron. Eu nunca tinha estado num partido porque me parecia que não havia ideias concretas. E depois pensei: todos criticamos até demais as soluções existentes e eu acho que, mais do que comentar, eu queria intervir e partilhar a minha visão de cidadã", afirmou Laetitia Romeiro Dias ao DN.
Laetitia Romeiro Dias está com o En Marche! desde a primeira hora. Viu como a organização nacional, constituída maioritariamente por apoiantes diretos de Macron, foi constituindo apoios nos vários departamentos em França e como esses departamentos criaram os comités locais. A candidata recebeu formação dos conselheiros próximos de Macron para a organização da campanha presidencial e relembra os dias em que a campanha se fazia apenas com quatro ou cinco pessoas porta a porta. Em Essone, onde Laetitia coordenou a campanha, Macron teve 72,2% dos votos na segunda volta das presidenciais.
Para os candidatos portugueses, lusodescendentes ou com ligação familiar a Portugal com quem o DN falou, ter raízes lusas não é relevante para o movimento. "Ter origem portuguesa não é o ponto principal, o En Marche! afirma que somos todos franceses e que, ao mesmo tempo, temos todos algo válido para partilhar. Todos temos lugar em França", conclui Ludovic Mendes.
Em Paris
Post A Comment:
0 comments: